Skate, Música e Tony Hawk’s Pro Skater

Pode um jogo de skate moldar toda uma preferência musical? Pode sim! Neste artigo, veremos como Tony Hawk’s Pro Skater foi responsável por dar visibilidade às bandas, ao mesmo tempo em que homenageou clássicos do punk, hardcore e hip-hop.

Assim como uma trilha sonora pode transformar uma cena comum em uma experiência memorável no cinema, a música nos jogos desempenha um papel igualmente crucial. A relação entre música e jogos é uma sinfonia única, onde cada nota e acorde moldam a experiência do jogador de maneiras que vão além da mera estética sonora.

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Como não lembrar da famosa trilha de Metal Gear Solid? Ou a famosa música dos jogos do Mario? Nesse artigo quero destacar uma franquia em específico: Tony Hawk’s Pro Skater. Este icônico jogo não é apenas ficar fazendo manobras impossíveis, mas uma viagem musical que, para muitos, moldou gostos e preferências sonoras. Neste mergulho nostálgico e pessoal, exploraremos como as músicas desse clássico dos games não apenas acompanharam horas de jogatina, mas também deixaram uma marca duradoura naqueles que jogaram e nas banda presentes nos jogos.

Tony Hawk Antes Do Pro Skater

Para compreender a simbiose entre skate, música e Tony Hawk’s Pro Skater, é essencial voltarmos às raízes do esporte e da cultura que floresceu nos anos 90. Naquela década, o skate já era um esporte profissional, apesar de muitos skatistas encararem como uma verdadeira filosofia. Diversos torneios eram patrocinados por grandes empresas e o nosso querido Tony já era o “Pelé” dos skates.

Hawk também influenciou profundamente a cultura que cercava o esporte. Seu envolvimento na criação do jogo Tony Hawk’s Pro Skater não foi apenas uma parceria comercial; foi uma extensão de sua paixão pela música e pela subcultura do skate.

Quando o jogo foi concebido no final dos anos 90, Tony Hawk desempenhou um papel ativo na escolha das músicas que seriam a trilha sonora do game. Sua visão era clara: as trilhas sonoras não seriam apenas acompanhamentos, mas sim motores de energia para os jogadores.

Uma Salada de Estilos Musicais

O game reunia músicas de diversos estilos, principalmente rock, punk, hip-hop e metal. Segundo o produtor do jogo, Ralph D’Amato, as músicas foram selecionadas a partir de uma lista de sugestões dos desenvolvedores e dos skatistas profissionais que participaram do jogo, além do próprio Tony.

O skate sempre teve uma ligação com a música, especialmente com o rock e seus subgêneros, como o punk, o hardcore, o grunge e o metal. Esses estilos expressam uma atitude rebelde, contestadora, criativa e independente, que combina com o espírito do skate.

O hip-hop também é um estilo musical presente na trilha sonora do jogo, que representa outra vertente da cultura do skate, mais ligada ao cenário urbano e à modalidade de street. Esse gênero tem uma forte relação com o skate, pois ambos utilizam elementos da cidade, como ruas, calçadas, escadas, corrimãos e muros, como cenário e instrumento para suas manifestações. Além disso, o hip-hop também transmite uma mensagem de resistência, originalidade e diversão, que se conecta com o skate.

O Novo e o Clássico

Tony Hawk’s Pro Skater também foi responsável por dar visibilidade a bandas não tão conhecidas no mainstream, mas que faziam parte da cena punk e seus derivados. Bandas como Lagwagon, Millencolin, Goldfinger, Bad Religion, NOFX, Pennywise, entre outras, ganharam novos fãs e reconhecimento graças à trilha sonora do jogo, que apresentava músicas animadas, rápidas e cheias de atitude. Essas bandas representavam o punk rock dos anos 1990 e início dos 2000, que misturava elementos de pop, metal, ska e hardcore.

Em contraste com as bandas novas, o game também trouxe músicas punk clássicas, que remetiam às origens do gênero nos anos 1970 e 1980. Músicas como “Blitzkrieg Bop” dos Ramones, “God Save The Queen” dos Sex Pistols, “Search and Destroy” dos Stooges, “White Riot” do The Clash, entre outras, mostravam o punk rock em sua forma mais crua, simples e rebelde. Essas músicas influenciaram gerações de bandas e fãs, e são consideradas hinos do rock.

Jogando até Furar o CD

Acredito que o jogo que mais joguei em minha vida tenha sido Tony Hawk’s Pro Skater 2. Conheci o primeiro jogo através de um amigo, mas infelizmente não o encontrei para comprar na época. Pouco tempo depois, encontrei o 2º game da franquia à venda. Não pensei duas vezes e comprei.

Hoje vejo que mais do que um baita jogo, o que mais me atraía eram as músicas do game. Nessa época (1999, 2000), eu ainda não tinha uma formação musical definida (trouxe um relato sobre a memória afetiva aqui). Basicamente, escutava o que passava na TV aberta e nas rádios. THPS 2 trouxe a oportunidade de descobrir bandas que, naquela época, seriam impossíveis. Quando eu queria me concentrar nas missões, selecionava “May 16” de Lagwagon, minha favorita de todos os jogos da série.

Moldando o Gosto Musical

Como disse, THPS foi a semente musical que possibilitou eu escutar músicas que realmente me interessavam, e não músicas da moda que passavam no Domingo Legal ou nas novelas. A sonoridade do hardcore do Lagwagon e do Millencolin foi a base para uma série de bandas que escuto atualmente.

Apesar de gostar de diversos gêneros presentes na série, o Punk é, de longe, o meu preferido. Depois que tive a oportunidade de jogar o primeiro jogo pra valer, adicionei Goldfinger e Dead Kennedys à minha lista de novidades musicais. Mas nem só de Punk viverá o homem. O som pesado do Papa Roach e do Rage Against the Machine ganharam minha atenção ao lado do Dub Pistols e do Anthrax & Public Enemy.

Cada game que era lançado, eu ficava ansioso pela trilha sonora, e apesar do 2 ser meu preferido, os outros games tiveram canções que me viciaram. Não tive a oportunidade de jogar o THPS 3 na época, meu Playstation já tinha partido dessa pra melhor. Mas pude jogar o 4º game da série.

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Ele era maior que os anteriores e a nova geração trouxe a possibilidade da desenvolvedora lotar de músicas. O clássico “TNT” do AC/DC estava ao lado da ótima “Seneca Falls” dos Distillers (banda que eu e meu amigo jurávamos que era um homem cantando). Trouxeram de volta o Goldfinger com a música “Spokesman” ao lado da grata surpresa Flogging Molly tocando “Drunken Lullabies”. THPS 4 tinha de tudo: punk, hardcore, ska, hip hop, entre outros. Ou seja, tudo que é necessário para um jogo da série.

Flogging Molly – Uma das muitas surpresas que descobri no jogo

Em Tony Hawk’s Underground, a mudança de nome mostrou uma mudança na mecânica do jogo: agora tínhamos um modo história. Dessa vez, Alkaline Trio, Bracket, NOFX e Dropkick Murphys chamaram minha atenção. Destaco também Sublime com “Seed” e The Adicts com “Viva La Revolution”, mostrando que o passado deve ser lembrado e homenageado.

Apesar de uma jogada de marketing, o Kiss estava presente com três músicas (um recorde para uma banda). As músicas eram versões ao vivo do álbum “Alive IV”, recém-lançado na época. Posso dizer que esse marketing deu certo, já que acabei comprando o álbum.

Diminuindo o Ritmo

Disparado o mais bizarro da série, a sequência Tony Hawk’s Underground 2 trouxe muitas mudanças. Pra quem não se lembra, o Jackass estava no auge e Bam Magera, skatista e integrante do grupo, começou a ter um protagonismo no skate. Nada melhor que usar isso para atrair público. Só que o jogo pareceu mais um spin-off do que uma sequência.

Além dos skatistas, tínhamos um personagem numa espécie de skate motorizado, um cara engessado numa cadeira de rodas (!) e até mesmo Benjamin Franklin num skate (!!!). Pois é, despirocaram geral! E isso teve até reflexo nas músicas, como Johnny Cash e Frank Sinatra (!) na playlist do jogo. Apesar de curtir muito Johnny Cash hoje, na época me soou totalmente desconectado com o jogo.

Personagem Benjamin Franklin fazendo uma manobra no game Tony Hawk's Undergroud 2
Sim. Benjamin Franklin… de skate!

Mas apesar dessas bizarrices, o punk continuou presente e me trouxe gratas surpresas como Rancid e as voltas do Less Than Jake e The Distillers com “That’s Why They Call it a Union” e “Beat Your Heart Out”, respectivamente. A tradição de homenagear os clássicos foi mantida com “Rock ‘n Roll High School” dos Ramones.Confesso que, a partir do Underground 2, aquele tesão que eu tinha pela série foi diminuindo. Quando o novo Tony Hawk’s American Wasteland foi lançado, tive curiosidade, mas não aquela paixão que os anteriores me despertavam.

American Wasteland até teve boas ideias para a série, mas derrapou por não conseguir entregar o prometido. Contudo, na parte musical acertaram como sempre. Dessa vez, a homenagem não foi como nos jogos anteriores. 14 faixas do jogo eram versões inéditas de bandas cantando clássicos de dos anos 70 e 80. Uma bela homenagem àqueles que moldaram a cultura do skate. Dessas homenagens, curti muito Dropkick Murphys com “Who is Who” (The Adolescents), Rise Against com “Fix Me” (Black Flag) e Alkaline Trio com “Wash Away” (T.S.O.L.).

Homenagem ao passado

Infelizmente, os próximos jogos, Project 8 e Proving Ground, não me agradaram, nem pelo jogo, nem pela trilha sonora. Acredito que até tenham boas músicas e que esses games merecem que eu os jogue novamente para tentar mudar minha opinião.

Acho que minha falta de interesse nesses dois jogos foi porque a descoberta de novas bandas não dependia mais deles. A descoberta era indireta. Passei a conhecer novas bandas porque estavam relacionadas com outras que apareceram na série Tony Hawk’s.

O Impacto na Música e Para Mim

Apesar de contar com bandas já renomadas, THPS conseguiu trazer esses clássicos para uma geração que não ouviu essas bandas no começo. Além disso, é inegável que novas bandas ou mesmo bandas underground tiveram suas carreiras alavancadas por causa do jogo.

Lagwagon, Goldfinger, Millencolin e, até mesmo, Papa Roach, citam o game quando tocam ao vivo as músicas que estiveram presentes na trilha sonora. Uma bela homenagem a algo que proporcionou que bandas pudessem ser reconhecidas e valorizadas por um grande público.

Tony Hawk cantando “Superman” com Goldfinger

Eu mesmo testemunho o legado da série, pois 80% da minha playlist atual foi moldada por esses jogos. Só me resta deixar meu mais profundo obrigado a Tony Hawk por ter feito algo tão incrível e importante.

Deixe aí nos comentários se você jogou Tony Hawk’s Pro Skater e quais músicas te marcaram. Em breve, elaborarei uma lista das melhores músicas do jogo, baseada em minha modesta opinião.

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